sábado, 29 de janeiro de 2011

A carta


......... , .. de ......... de 20..


Alguns dizem que um sonho pode durar meros 4 segundos. Já outros afirmam ser impossível, ele acontece em tempo real. Sabe, isso para mim não importa. O que realmente importa é que nessa noite tive um sonho. Não foi como aqueles sonhos que você diz, "Ah ja tive antes!", e nem aqueles que você nunca mais quer ter. Odiei-me por ter acordado, pois a vontade era ter continuado nele, sabe o motivo? Você estava nele.
O melhor de tudo, é que você não me conhecia. Todo o tempo que passamos juntos havia se apagado. Era a chance, a nossa chance de começar novamente, sem erros nem medos.
Era a típica cena de filme hollywoodiano. Eu alí sentada na beira da praia com um turbilhão de pensamentos e você simplesmente passou correndo por mim. Tentei ir atras de você, mas nem consegui levantar. Detesto isso nos sonhos. Enfim, aconteceu uma coisa muito estranha. Você encontrou uma garota e a beijou. Mas não era qualquer garota, era eu. Como assim? Estavam felizes. Daqueles casais que enchem o saco por estarem felizes demais.
Foi então que me toquei. Aquilo já havia acontecido antes com a gente. Era o começo do nosso namoro, e eu já sabia o resultado final. Precisava definitivamente fazer alguma coisa. Mas eu não me movia. Não conseguia. Comecei a gritar, mas aquilo já estava ficando ridículo. Parei e pensei. Isso é um sonho e tudo o que eu fizer aqui, não mudará em nada nossas vidas. Elas continuarão com sua insignificância, com ou sem minha ajuda.
Deixei você e ela, passarem. Rindo. Senti um aperto no peito, e chorei. Acordei chorando, e lá estava você deitado do meu lado. Dormia profundamente. Foi isso que nos tornamos. Dois desconhecidos dividindo a mesma cama. Te abracei desesperadamente, desejando voltar para o sonho.
- Querido, eu te amo, amo tanto...tanto...
- Hummm...o que foi? Vai dormir...
- Você ainda me ama?
- Isso é hora de fazer essa pergunta? Me deixe dormir.
Você virou para o lado e voltou a dormir. Amor, pesso que ao ler essa carta, me entenda. Não se culpe pela atitude que tomei. Eu simplesmente não conseguia mais. Viver ao teu lado, e ao mesmo tempo estar sem você estava me matando aos poucos. Fomos tão felizes um dia. Tudo era engraçado. Tudo o que fazíamos juntos, até mesmo não fazer nada, era maravilhoso para mim.
Adoro o seu sorriso. Foi assim que me apaixonei por você. A primeira coisa que vi, foi seu sorriso. Nos ultimos anos ele se apagou para mim. Eu posso até entender. Fiquei velha não foi? Tem muitas meninas mais bonitas que eu.Mas aposto que elas, nunca te amariam como eu te amei.
Lembra daquele dia, quando tomavamos sorvete na pracinha e eu estava triste?Você me perguntou o problema, e eu disse o motivo? Fizemos um acordo lembra? Morreríamos juntos. Mas com o tempo fui percebendo que você não cumpriria o acordo. O seu amor por mim acabou. Não havia mais motivos.
Então eu tomei essa atitude sozinha. Acredito que nesse momento o veneno que coloquei em seu café já esteja fazendo efeito. Eu já terei tomado o meu. Querido me perdoe. Não me odeie pela eternidade. Mas viver sem seu amor, era pior que a morte. E eu não morreria sem você.
Te amo, e para sempre sua

A.

4 comentários:

  1. Amiiiiiiiga, tô sem palavras! Que final surpreendente! Você tá apurando bem essa capacidade de deixar os finais surpreendentes, né? A princípio pensei que ela fosse partir sozinha, mas então... Que carta linda... E que carta triste, não pude deixar de me lembrar de algumas coisinhas bem pessoais. Às vezes dói mais do que a gente pode suportar, né? Adorei o texto, gata!

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  2. Adorei o texto, Ana! Só vamos esperar que isso não vire moda por aí, pq senão acho que não sobra muito casal depois dos quarenta pra contar história!

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  3. É verdade Lu. Se já são raros os que começam com amor de verdade, imagine os que terminam?

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