sábado, 13 de setembro de 2014

Sadomasoquismo


Quanto mais eu te empurro para longe, mais você insiste em ficar. É uma espécie de jogo para você? Querida, não se joga com corações. Acho que você faltou a essa aula. Você gosta de me ver assim não é mesmo? Um vassalo seu. Um escravo. Um servo, ou qualquer outro tipo de submissão. Ainda ontem eu achei que havia me livrado de você, mas às duas da manhã a campainha tocou. Era você com uma garrafa de vinho tinto em uma mão e duas taças na outra. Mas isso eu só reparei depois. Depois de ter reparado no que estava parado a minha frente. Encostada na parece oposta do corredor, você estava olhando para o chão com as pernas cruzadas e um sorriso no canto da boca. Sabia que ia fazer coisa errada e estava gostando disso.

Com aquele vestido, como não olhar para as suas pernas? Ele era branco e bem colado o que só às ressaltava ainda mais. E por favor, por que aquele decote? Você havia vindo preparada e sabia que assim, eu não iria fugir. Fugir... que coisa idiota para se dizer de um homem de frente com uma morena como você. Olhou para mim como quem come. Andou devagar, se aproximou, deu um sorriso, e beijou o canto da minha boca e simplesmente entrou. Sem ao menos pedir permissão, ou dizer pelo menos oi. Sabia como estar no controle, e estava.

Sentou na minha cama e fez sinal para que eu sentasse ao seu lado. Como todo súdito eu a respondi. Abriu a garrafa de vinho e nos serviu. Eu ia perguntar o porquê de tudo aquilo e com uma mordida em minha boca ela me silenciou. A cada gole e a cada olhar esfomeado, a temperatura subia e Deus, não dava mais para segurar. Eu a queria novamente e tinha que ser o quanto antes. Coloquei as taças na mesa, abri as pernas dela e a trouxe para perto de mim. Em poucos segundos o vestido branco estava no chão, e tudo foi mais fácil, pois ela não tinha mais nada para tirar. No quarto só os gemidos e a minha ira. Ira que se traduzia em atos. Eu a mordia sem dó nem piedade e ela sorria pedindo mais. Eu lhe dava tapas e ela pedia mais. Sadomasoquismo. Era no que se resumia tudo aquilo. Mais uma vez ela estava ali, e eu queimando. Queimando e sabendo que ia acabar como antes.

Acordei às dez da manhã. Sorte que era domingo. Eu estava cansado. Destruido. Mas com um ar de realização. Eu queria mais. Não só um bom sexo, mas queria você para mais do que isso. Olhei para o lado e você não estava. Procurei por todo o apartamento e nada de você. Eu sabia. Foi como antes. Ações, sem uma única palavra. E como antes, você deixou o seu vestido branco para trás. Apenas o vestido e a minha ira.
Vagabunda.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Ahh aquela barba...

Toda vermelha. Não digo "vermelha" como consequência da vergonha, mas como marcas espalhadas pelo corpo. Foi assim que você me deixou. Você e sua barba por fazer. E falando na bendita vergonha, ela foi a última coisa que senti. 
Para ser sincera e tratando-se de você, nunca tive boas intenções. Imaginava repetidas vezes, em diferentes cenas, o dia em que o arranhar da sua barba no meu rosto, passasse de um leve contato vindo de um cumprimento cordial, para um contato que realmente valesse a pena. E eu digo "valer a pena", no sentido de vir carregado de desejo. Beijos intensos e que por onde passassem, deixassem a marca do pecado. Da luxúria. 


E eles vieram. 

Vieram acompanhados de mordidas que somadas à barba deixariam qualquer mulher louca. Eu fiquei. Também vieram acompanhados de mãos que desesperadamente tiraram da frente tudo o que impedia nossos corpos de estarem juntos. A cada movimento, a cada beijo e a cada arranhar, gotas de suor. E eu só queria mais. E você também. Eu via em seus olhos aquele desejo de me ver gritar de vontade de você. E claro que você sabia exatamente o que fazer.

Sem tirar os olhos dos meus, fui sentido o seu olhar juntamente com seus beijos descerem do meu pescoço para o meu colo. E a barba deixando aquele rastro de fogo que se intensificou ainda mais ao chegar aos meus seios. E como que se você estivesse adivinhando, suas mãos trocaram de lugar. Desceram rápidas por entre as minhas pernas, seguidas por sua boca. Foi então que não dava mais para segurar qualquer decência ou  falsa moral. Meus gemidos quase se transformaram em gritos que pediam por mais.
 É, você sabia mesmo o que fazer com a sua barba. Dom, sim... um dom, foi feito para ser usado.

Que Deus me perdoe. Ou os deuses, anjos, espíritos e demais seres sobrenaturais. Mas aquilo foi divino.
Êxtase. Nirvana. Ou o que quer que seja.
O prazer foi tão grande que no minuto seguinte, após os intensos orgasmos e o tradicional relaxamento, eu só queria uma coisa. Retribuir. E da melhor forma possível. Do jeito que você quisesse.

Hoje lembrei de você.
Baby, você fez a barba?
Definitivamente não faça.



terça-feira, 1 de julho de 2014

Entre o começo e o fim - O meio

Por Anamaria Rodrigues


No começo de tudo ele disse:

- Com um Oi, você conseguiu preencher uma lacuna que faltava e me fez sentir quase que completo de novo. Um Oi e acabou virando isso pra mim...obrigado por aparecer assim tão de repente na minha vida. Você só me fez bem nesse pouco tempo que nos falamos. Quando falo com você, é uma mistura de felicidade e conforto. Eu me sinto bem quando falo com você... Você me ajuda só de existir na minha vida.

E no fim de tudo ele disse:

- Acho que não está mais legal. Precisamos conversar.

E fim.

Inicialmente tudo parece tão bonito. Tão mágico. Coisa de cinema. Do tipo que a gente pensa "Isso está acontecendo comigo mesmo?". Torce para que o "Para sempre" exista, mesmo que você tenha a plena certeza que não. Deseja de todo o coração que ao lado dele/dela o tempo pare. Que não leve tudo embora.

 Mas então, entre o começo e o fim, vem o meio e é nele que tudo realmente acontece. É no meio da história que tudo se firma, ou não. É no meio que se vê quem a pessoa realmente é. Que através da convivência você descobre os defeitos do outro, do maior até o mais insignificante. É nele que você percebe que quando está com alguém, você não está só com esse alguém, mas com todo aquele combo que vem junto com ele: sua família. É no meio que você percebe que a outra pessoa é de carne e osso e que não era bem coisa de cinema. É no meio que vem as discussões, brigas, mentiras e choros. É no meio que aparecem os testes de resistência. É bem no meio que você descobre se realmente gosta dela/dele. Pois com um gostar nível 10 - chamado por muitos de amor - de ambas as partes, é possível fazer o meio durar a vida toda. Não importam as brigas, distâncias e diferenças. Se você gosta de verdade de alguém, não há meio que acabe. Mas se o gostar for menor que isso? O meio acaba em si mesmo. E então vem o fim, deixando como lembrança um começo que mentiu e enganou com a promessa de um longo meio.

Mas a vida é um vai e vem. Cheia de começos e fins. Arranhões e quedas. E  promessas de longos meios. Mas há casos que quando menos se espera, um certo meio pode deixar de ser promessa, e se tornar realidade. Então os dois passam a caminhar lado a lado por um meio sem fim.

Que a vida se encarregue.




quarta-feira, 28 de maio de 2014

O Tempo...encarregado por levar tudo

Definitivamente, Deus é o cara mais trollante do universo (e/ou meio espiritual?). Ele pode ser O cara, mas não resiste em gerar belas consequências ao nosso livre arbítrio. "Vai! Faz o que quiser, mas olha, o seu tempo vai acabar". E nada mais será seu. Sim. Nada. Algumas coisas-pessoas serão suas, mas por um Tempo. Depois...au revoir.
Se Deus é o maior trollador, o Tempo, é o seu fiel ladrão. Ladrão responsável por observar. Esperar. Se aproximar, tirar o que o que chamamos por Nosso e levar embora. Lá se vão livros comprados e nunca lidos, fotos rasgadas, dias de chuva, sussurros ao ouvido, boa noite, fica bem, abraços, sapatos furados, flashes, mágoas, escovas de dentes...eu gosto de você...te amo...para sempre...Para sempre...o príncipe da utopia e filho do Tempo. Éh...me diga com quem tu andas, que eu direi quem tu és...

Nesse "jogo" seguem com a gente, até  o fim, a Vida e as Lembranças.
Lembranças estas que insistem em nos Lembrar que nada é Nosso.  
A não ser....
Esqueci.

To be continued...



domingo, 25 de maio de 2014

Essa tal da consideração, viu...

Ao meu amigo M. que me deu toda a inspiração. Obrigada.

Foi durante essas conversas casuais, dessas quando estamos almoçando durante aqueles 30 minutos de intervalo, que o meu amigo soltou " Sabe, eu só queria alguém para me perguntar 'Está tudo bem?', 'Posso fazer alguma coisa para te ajudar?" ( e que não fosse um vendedor de alguma loja). Um alguém que realmente quisesse saber se está tudo bem. Que não só perguntasse por obrigação, mas por interesse. Interesse em poder saber da gente e dividir os problemas da gente, entre a gente. Ajudar. Mesmo que seja com um "Vai ficar tudo bem" ou com um abraço em silêncio. Alguém que estivesse ali todos os dias, ocupado ou não. Pois quem se importa, arruma sempre um jeitinho de estar presente.



"Pois é isso o que eu faria... Eu espelho no outro e desejo que ele faça por mim o que eu faço por ele todos os dias. Esse é meu erro."

Esse é o erro de todo mundo amigo...considerar mais do que somos considerados. E com essa de tanto considerar e não sermos correspondidos, vamos nos perdendo, abandonando, nos tornando frios e passando pro lado de lá...Todos um dia já tiveram  a tal da consideração. Mas sabe se lá porque, ela morre rápido. E a gente junto com ela.

É M. ...essa tal da consideração viu...