segunda-feira, 18 de março de 2013

Tudo é carne

Obrigada a você que me ajudou a chegar a essas palavras. Inspiração é tudo.

Para os homens há uma linha muito tênue entre uma mulher gostosa bem dotada e um pedaço de filé mignon.  E dentro desses homens há um vantajoso grupo que provavelmente possuem astigmatismo, miopia ou qualquer outro problema de visão, pois eles acabam perdendo o rumo dessa linha e enxergando tudo a mesma. Tudo é carne. Tudo é comida e para, claro, ser comida. Agradeço por nos compararem a um pedaço tão nobre de uma vaca, mas digo que eu preferiria ser o cupim. Seria perfeito ser acompanhada por uma cervejinha... e bom,  ir direto entupir suas veias com gordura e te causar um derrame e até mesmo um infarto. E ai você morreria. E viraria adubo. E assim, ajudaria a nutrir o capim que pararia logo logo na boca de uma vaca. Um belo ciclo, não é mesmo?

domingo, 10 de março de 2013

Vergonha. Apenas.

Não era período de Copa do Mundo ou qualquer outro evento ligado ao futebol que envolvesse a Argentina. Não era período de comemoração alguma. Aliás, o país estava em crise e ainda está. Mas por onde meus olhos passavam, eles sempre viam listras azuis e brancas destacadas por um belo sol amarelo. Órgãos públicos, órgãos particulares, casas simples, casas imponentes, dentro de táxis, na própria rua, nas pessoas. Lá estava ela: a bandeira argentina. Era visível o orgulho que aqueles porteños tinham por seu país. E no momento em que eu pude constatar isso, eu senti apenas duas coisas: Admiração e vergonha. Admiração por ver o patriotismo daquele povo. E vergonha, bom, por ver que o meu povo só se sente brasileiro, em datas comemorativas e principalmente em época de Copa do Mundo. E eu não estou tirando a minha da reta. Eu sou brasileira e não tenho a bandeira do meu país nem ao menos guardada na gaveta. Vergonha. Apenas.


quarta-feira, 6 de março de 2013

Sacrifício




Era um dia de 5ºC na Argentina. Eu e minhas amigas acordamos logo cedo para conhecer os principais pontos da bela Buenos Aires. Cachecol, gorro, luvas. Ok. Fomos andar seguindo apenas um mapa todo rasgado que cansou de ser aberto e fechado por nós. Próximo ao hotel havia uma praça e nela, um monumento dedicado aos soldados argentinos que foram mortos na Guerra das Malvinas em 1982. Era pouco mais de nove horas da manhã. Os guardas já haviam realizado o ritual diário de levantar a bandeira sob o toque das trombetas. Eles foram embora restando apenas um, que ficou em posição para "vigiar" a bandeira. Não sei por quanto tempo seria. Mas o que me chamou a atenção mesmo, foi quando um certo homem apareceu. Trouxe consigo um balde com água, sabão e uma esponja. E com toda a paciência do mundo começou a lavar as placas que possuíam os nomes de todos os soldados caídos. Me emocionei. Era claro que já havia um costume ali. Que aquele homem há não sei quanto tempo dedicava-se àquela atividade. O observei. Era frio demais para brincar com aquela água gélida. Por que aquilo? Ele não precisava. Era uma praça pública e funcionários da prefeitura poderiam cuidar daquele local. Mas não. Ele estava lá com toda a sua paciência. Ele foi um sobrevivente? Ou foi um filho sobrevivente? Não sei. Mas o que sei era que naquele homem havia amor e respeito. Amor por quem já sei foi. E respeito pelo que um dia aqueles soldados foram. Sacrifício. Essa foi a palavra que me veio a mente. Palavra pouco utilizada nesse atual mundo em que tudo para nós é possível e abrir mão de algo é inaceitável. Mas aquele homem estava sacrificando-se. O tempo. O corpo. A mente. Em prol de algo maior. Em prol do amor e do respeito.