terça-feira, 5 de julho de 2011

Como sair do Condado e ir para a Grécia


Cinquenta anos após a publicação dos clássicos de J. R. R. Tolkien, a literatura infanto-juvenil agrega bruxos, vampiros e mitologia grega

Por Anamaria Rodrigues e Guilherme Barbosa


“O mundo está dividido entre os que leram O Senhor dos Anéis e O Hobbit e aqueles que ainda vão ler”, publicou o jornal Sunday Times à época do lançamento do maior clássico de literatura fantástica do século XX. Em um mundo onde hobbits (criaturas menores que anões) viviam em uma região chamada Condado, elfos controlavam as áreas das florestas, anões são senhores do subsolo, e os orcs, comandados por Sauron, geravam os males da Terra-Média, Tolkien ganhou milhares de fãs.

Após mais de 100 milhões de vendas em todo o mundo, Tolkien marcou o início da literatura fantástica moderna. Palavras como "tolkieniano" e "tolkienesco" entraram para os principais dicionários britânicos, homenageando um dos principais autores ingleses do século XX. Alana Moura, leitora assídua das obras tolkienianas, acredita que “o sucesso da série foi devido ao desejo por um mundo novo, coisa que Tolkien criou com maestria”.

Durante quatro décadas os hobbits viveram em paz no Condado e o anel continuou destruído, até a chegada de um bruxo um pouco diferente de Gandalf: Harry Potter. J. K. Rowling lançou em 1997 o primeiro volume do famoso bruxo inglês, intitulado “Harry Potter e a Pedra Filosofal”, iniciando a série de livros infanto-juvenis mais vendida no mundo.

Você-sabe-quem, ou Voldemort, em uma tentativa frustrada de matar Harry aos onze meses de idade, cria o mito do “menino que sobreviveu” e manteve as vendas em alta inclusive durante a crise econômica atual. Hogwarts, a escola de bruxos londrina, será o plano de fundo das aventuras vividas por Harry e seus fiéis amigos Rony e Hermione.

Rowling iniciou um novo frisson na literatura mundial, fazendo com que os adolescentes
voltassem a possuir o hábito da leitura. “Harry Potter foi o primeiro livro que realmente me interessou, e desde então eu nunca fico sem um livro novo na minha cabeceira”, diz Gabriela Araújo, de 15 anos. Hoje estima-se que a série vendeu em torno de 490 milhões de exemplares, traduzidos para mais de 30 línguas.

Porém esse mágico mundo foi ameaçado quando os “trouxas” (humanos não-bruxos), descobriram um novo affair: a série “Crepúsculo”, que fez com que milhares de adolescentes suspirassem pelo romance vivido por Edward e Bella. Ele é um vampiro que se apaixona por Bella, uma garota comum do colegial.

Stephenie Meyer desenvolve um romance cheio de lugares-comuns, criando um ideal de homem (Edward) para as milhares de Bellas da vida real. No entanto, a tentativa de recriar as vendas de Harry Potter foram frustradas, sendo que a série transformada em filme se tornou muito mais lucrativa. O romance idealizado pela autora não atinge os adultos em massa, coisa que aconteceu em “O Senhor dos Anéis” e “Harry Potter”.

Pouco tempo após cria-se um adolescente disléxico, com déficit de atenção e que não se interessa em estudos. Até então pode-se pensa que ele é um adolescente comum, exceto pelo fato de ser filho do deus grego Poseidon. A série de cinco livros escrita por Rick Riordan, denominada “Percy Jackson e os Olimpianos”, traz uma mistura de adolescentes contemporâneos e mitologia grega que encanta os jovens.

Percy descobre que é um semi-deus, ou meio-sangue, e vai à um acampamento que treina os heróis para sobreviverem em um mundo repleto de monstros. Annabeth, filha de Atena, e o sátiro Grover serão seus fiéis escudeiros durantes as suas aventuras.

O ritmo da literatura nunca mais será o mesmo após o sucesso dessas personagens, e
consequentemente o cinema acompanha as mudanças. Todos os livros descritos ganharam adaptações em Hollywood, que inclusive geraram vários prêmios. “O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei” conquistou 11 Oscars, sendo o terceiro filme mais premiado da história.

Graças às adaptações cinematográficas, as histórias continuam vivas no imaginário coletivo, conquistando sempre novos fãs e movimentando toda a estrutura do Condado ao Olimpo.

Um comentário:

  1. Ai, Deuses, que lindo, que lindo! Com exceção de Crepúsculo, amo todas as séries aí citadas, e geral que me conhece sabe da minha loucura por tudo que Tolkien tenha escrito. A fantasia tá na alma, no coração, na pele! Adoro esse texto de vocês, meninos!

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