domingo, 16 de outubro de 2011

Sabrina




Ela sabia como mexer com a cabeça de um homem. Tudo por prazer e diversão. Passava por eles com o ar de quem não queria nada, deixando para trás apenas o rastro de suas pernas e a imagem dos queixos caídos. Isso era só o começo. Ela voltava. Com a mesma impetuosidade agora entrava em ação o que ela tinha de melhor: o seu olhar. Os olhos de Sabrina eram olhos de gueixa. Seus olhos conseguiam fazer o mundo cair aos seus pés e chorar por seu carinho. Conseguiam hipnitizar o maior mágico de todos os tempos e amaciar o mais duro coração. Sabrina tinha a qualquer hora quem quisesse. Era quase divina, se não o era.




Mas um dia cansou. Olhou-se no espelho e sentiu falta. Sentiu a falta de lutar por alguma coisa, por alguém. Queria sentir o gosto do desprezo, da ingratidão e do desamor. Queria chorar por amor, sofrer por amor e até morrer por ele. Acharam que ela havia enlouquecido. Quem quer ser negado? Quem quer ser maltradado? Quem quer ter o coração destruído? Ninguém entendia Sabrina. Mas o que todos não sabiam, é que ela queria apenas se sentir mais humana. Queria ter o drama e a comédia em sua vida e poder gritar aos quatro cantos do mundo que enfim, ela sentia o prazer da dor.




Enquanto muitos estão lutando pelo descanso, Sabrina ainda luta pelo desassossego.


Ninguém entende Sabrina.

2 comentários:

  1. mesmo porque, pessoas desassossegadas são muito mais interessantes.

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  2. o desassossego é relativo,por isso entendo a Sabrina.

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