quarta-feira, 6 de março de 2013

Sacrifício




Era um dia de 5ºC na Argentina. Eu e minhas amigas acordamos logo cedo para conhecer os principais pontos da bela Buenos Aires. Cachecol, gorro, luvas. Ok. Fomos andar seguindo apenas um mapa todo rasgado que cansou de ser aberto e fechado por nós. Próximo ao hotel havia uma praça e nela, um monumento dedicado aos soldados argentinos que foram mortos na Guerra das Malvinas em 1982. Era pouco mais de nove horas da manhã. Os guardas já haviam realizado o ritual diário de levantar a bandeira sob o toque das trombetas. Eles foram embora restando apenas um, que ficou em posição para "vigiar" a bandeira. Não sei por quanto tempo seria. Mas o que me chamou a atenção mesmo, foi quando um certo homem apareceu. Trouxe consigo um balde com água, sabão e uma esponja. E com toda a paciência do mundo começou a lavar as placas que possuíam os nomes de todos os soldados caídos. Me emocionei. Era claro que já havia um costume ali. Que aquele homem há não sei quanto tempo dedicava-se àquela atividade. O observei. Era frio demais para brincar com aquela água gélida. Por que aquilo? Ele não precisava. Era uma praça pública e funcionários da prefeitura poderiam cuidar daquele local. Mas não. Ele estava lá com toda a sua paciência. Ele foi um sobrevivente? Ou foi um filho sobrevivente? Não sei. Mas o que sei era que naquele homem havia amor e respeito. Amor por quem já sei foi. E respeito pelo que um dia aqueles soldados foram. Sacrifício. Essa foi a palavra que me veio a mente. Palavra pouco utilizada nesse atual mundo em que tudo para nós é possível e abrir mão de algo é inaceitável. Mas aquele homem estava sacrificando-se. O tempo. O corpo. A mente. Em prol de algo maior. Em prol do amor e do respeito. 


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