quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

O segurar das mãos

Foi como um daqueles momentos em que você está apenas olhando, mas algo te força a observar. Em meio a buzinas, trânsito, correria, dinheiro, tempo, dinheiro, lá estavam eles, como se nada disso existisse. Como se eles fossem mais fortes do que qualquer chatice desse mundo louco. Talvez um dia fizeram parte deste mundo, mas agora o que importa? Já vivemos tudo o que tínhamos para viver, vamos agora nos amar. E foi isso que me fez observar. Observá-los.
São Paulo. Parque da Independência. Um senhor e uma senhora, de mãos dadas, caminhando lentamente, olhando aquele parque cheio de história e possivelmente relembrando um passado que não volta mais. Mas estavam felizes. Aquela felicidade nostálgica. Uma alegria que passava de um para o outro, pelas mãos. Para mim, aquilo era a manifestação mais simples de amar alguém pela vida toda. Seguravam as mãos por costume? Tradição? Rotina? Mas o amor também é isso. É acordar todo dia e colocar as sapatilhas dela em seus pés enquanto ela levanta. É fazer todo dia aquele café para ele após o almoço. É lembrar de comprar o perfume dela, aquele de sempre. É deixa-lo ler o jornal em paz. Ele não gosta que incomode. É segurar as mãos dela quando estão no Grande Mundo. É segurar as mãos dele quando estão no Grande Mundo. Se protegendo. Se apoiando. Estando perto. Ainda amando.
Percebi que existe amor em São Paulo. Ainda.

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